O
Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de
2.036.448 km2, cerca de 22% do território brasileiro. A sua área
contínua incide sobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e
Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. Neste espaço
territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da
América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em
um elevado potencial aquífero e favorece a sua biodiversidade (MMA, 2013).
Grão Mogol, Minas Gerais, Brasil. Foto: Sérgio Melo. |
Do
ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido
como a savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas
já catalogadas. Nesse bioma, existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma
notável alternância de espécies entre diferentes fitofisionomias. Cerca de 199
espécies de mamíferos são conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837
espécies. Os números de peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies) e
anfíbios (150 espécies) são elevados. O número de peixes endêmicos não é
conhecido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e répteis: 28% e
17%, respectivamente. De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o refúgio
de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos (MMA,
2013).
Além
dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande importância social. Muitas
populações sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas,
quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros e comunidades
quilombolas que, juntas, fazem parte do patrimônio histórico e cultural
brasileiro, e detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade. Mais de
220 espécies têm uso medicinal e mais 416 podem ser usadas na recuperação de
solos degradados, como barreiras contra o vento, proteção contra a erosão, ou
para criar habitat de predadores naturais de pragas. Mais de 10 tipos de frutos
comestíveis são regularmente consumidos pela população local e vendidos nos
centros urbanos, como os frutos do Pequi (Caryocar brasiliense), Buriti
(Mauritia flexuosa), Mangaba (Hancornia speciosa), Cagaita (Eugenia
dysenterica), Bacupari (Salacia crassifolia), Cajuzinho do cerrado (Anacardium
humile), Araticum (Annona crassifolia) e as sementes do Barú (Dipteryx alata) (MMA,
2013).
Contudo,
inúmeras espécies de plantas e animais correm risco de extinção. Estima-se que
20% das espécies nativas e endêmicas já não ocorram em áreas protegidas e que
pelo menos 137 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de
extinção. Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais
sofreu alterações com a ocupação humana. Com a crescente pressão para a
abertura de novas áreas, visando incrementar a produção de carne e grãos para
exportação, tem havido um progressivo esgotamento dos recursos naturais da
região. Nas três últimas décadas, o Cerrado vem sendo degradado pela expansão
da fronteira agrícola brasileira. Além disso, o bioma Cerrado é palco de uma
exploração extremamente predatória de seu material lenhoso para produção de
carvão (MMA, 2013).
Apesar
do reconhecimento de sua importância biológica, de todos os hotspots mundiais,
o Cerrado é o que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral.
O Bioma apresenta 8,21% de seu território legalmente protegido por unidades de
conservação; desse total, 2,85% são unidades de conservação de proteção
integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sustentável, incluindo Reservas
Particulares do Patrimônio Natural (0,07%) (MMA, 2013).
Fonte: MMA. Ministério do Meio Ambiente. O Bioma Cerrado.
Disponível em: < http://www.mma.gov.br/biomas/cerrado >.
Acesso: 04 de outubro de 2013.
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